Melhor é dar do que receber

MELHOR É DAR DO QUE RECEBER

“Melhor é dar do que receber” é um daqueles ensinamentos bíblicos que se tornaram jargões populares. Muitos falam de cor, mas nem todos já experimentaram de fato.

Fala–se muito sobre generosidade nesta época do ano, sendo em sua maioria expressado em presentes e doações. Gestos significativos, porém fragmentados. Se o “dar-se”, o “ser generoso” se resume a matéria e moeda, não entendemos nada sobre o assunto. Afinal, tão letal quanto a fome e a miséria, é a falta de afeto, olho no olho, de tempo e atenção dedicado para o próximo.

A desumanização mata. Pagar caixinha para os funcionários do prédio é legal, doar dinheiro para projeto social é importante, adotar uma criança para comprar presentes de natal é lindo. Mas qual é o nome dessas pessoas? Você é já perguntou sobre suas histórias, suas dores, se importando de fato?

Outra miopia do preconceito disfarçado de altruísmo é que este olhar da generosidade exclusivamente material jamais te possibilitará ser generoso com os que têm uma situação financeira estável e próspera. Isso é um erro grosseiro, outro tipo de desumanização. O exercício da generosidade não é enquadrar um gesto no que me é confortável, mas é se dar em resposta a urgência do outro. Sem editar, filtrar ou escolher “quem é o outro” e aí que a grande trave no olho dos nossos dias.

Todos somos alvos e carecemos de gestos de generosidade. Em uma geração que o capital mais valioso é a atenção, será que conseguimos doar nossos ouvidos, olhos e atenção por inteiro para alcançar um desconhecido ou até mesmo um amigo com a nossa generosidade? Aquele encontro, aquele café, sem interesses, sem segundas intenções, apenas para ser de verdade e presente.